Mais um ano lectivo se inicia e com ele novas actividades se
avizinham...
Em época de vindimas, falemos de vinho.
História do Vinho em Portugal
Desde os tempos mais remotos, o vinho tem vindo a desempenhar um
papel de relevo em quase todas as civilizações. "Fruto da videira e do
trabalho do Homem", não é ultrapassado por nenhum outro produto da
agricultura, aliando esse fruto saboroso e nutritivo à bebida privilegiada,
precioso néctar, dele extraída. Repleto de simbologia, impregnado de religiosidade
e de misticismo, o vinho surge desde muito cedo na nossa literatura,
tornando-se fonte de lendas e inspiração de mitos. As expressões "dádiva
de deuses", "Sangue de Cristo", e "essência da própria
vida" atribuídas a este produto corroboram bem o papel do vinho na
vertente cultural bem como a sua importância na nossa civilização.
Embora envolto em muitas dúvidas e mitos, pensa-se que a vinha
terá sido cultivada pela primeira vez em terras da Península Ibérica (vale do
Tejo e Sado), cerca de 2 000 anos a.C., pelos Tartessos. Os Fenícios,
cerca do século X a.C., acabaram por se apoderar do comércio dos
Tartessos, incluindo o respeitante aos vinhos. No século VII a.C.
os Gregos instalaram-se na Península
Ibérica e desenvolveram a viticultura, dando uma particular
atenção à arte de fazer vinho. Crê-se que no século VI a.C. os Celtas,
a quem a videira já era familiar, teriam trazido para a
Península as variedades de videira que cultivavam. É também
provável que tenham trazido técnicas de tanoaria. Os Celtas e os Iberos
fundiram-se num só povo - os Celtiberos -, ascendentes dos Lusitanos, povo que se afirma no século IV
a.C..
A romanização na Península contribuiu para a modernização
da cultura da vinha, com a introdução de novas variedades e com o aperfeiçoamento
de certas técnicas de cultivo, designadamente a poda. Nesta época, a cultura
da vinha teve um desenvolvimento considerável, dada a necessidade de se
enviar frequentemente vinho para Roma, onde o consumo aumentava e a produção
própria não satisfazia a procura. Seguiram-se as invasões bárbaras e a
decadência do Império Romano. É nesta época (séculos VI e VII d.C.), que
se dá a grande expansão do Cristianismo (apesar de já ser conhecido na
Península Ibérica desde o séc. II). O vinho torna-se então indispensável para o
acto sagrado da comunhão. No início do Século VIII outras vagas de
invasores se seguiram, desta vez vindas do Sul. Com a influência árabe
começava um novo período para a vitivinicultura Ibérica. O Corão proibia
o consumo de bebidas fermentadas, onde o vinho se inclui. No entanto, passado
este período, entre os séculos XII e XIII, o vinho constituiu o
principal produto exportado. Nos séculos. XV e XVI, no período da expansão
portuguesa, as naus e galeões que partiram em direcção à Índia, um dos
produtos que transportavam era o vinho. No período áureo que se seguiu aos Descobrimentos,
os vinhos portugueses constituíam lastro nas naus e caravelas que
comercializavam os produtos trazidos do Brasil e do Oriente.
No século XVIII, a vitivinicultura, tal como outros
aspectos da vida nacional, sofreu a influência da forte personalidade do Marquês
de Pombal. Assim, uma grande região
beneficiou de uma série de medidas proteccionistas - a região
do Alto Douro e o afamado Vinho do Porto. No entanto, século XIX
foi um período negro para a vitivinicultura devido a uma praga por filoxera,
que apareceu inicialmente na região do Douro em 1865 e que rapidamente se espalhou
por todo o país, devastando a maior parte das regiões vinícolas.
Recuperado deste período, Portugal deu nova ênfase à sua
produção vitivinícola no início do século XX na Exposição Universal
de Paris. Em 1907/1908, iniciou-se o processo de regulamentação
oficial de várias outras denominações de origem portuguesas.
Da Vinha ao Copo...
O vinho resulta da fermentação das uvas, fruto da videira na
qual o açúcar do fruto se transforma em álcool pela acção de microrganismos.
Este líquido tão apreciado requer alguns cuidados na sua toma
diária.
Os adultos podem bebê-lo com moderação. No entanto, está proibido às crianças, uma vez que estas
não têm o seu organismo preparado para degradar o álcool. Se o beberem poderá
causar-lhes graves danos, quer a nível físico, quer a nível intelectual.
Os homens podem beber cerca de 2 copos de vinho (com cerca de
200ml) por dia, enquanto as mulheres apenas têm direito a um copo (com cerca de
200ml) por dia.
Existe a distinção entre bebidas
alcoólicas fermentadas (onde se incluem o vinho, a cerveja, a cidra, a
água-pé e todas as bebidas alcoólicas que resultem da fermentação de frutos) e bebidas alcoólicas destiladas (onde
se incluem “aguardentes” e “álcoois” e “aperitivos”/ licores). Estas devem
evitar-se no dia-a-dia, uma vez que possuem um elevado grau de álcool.
Do Fruto ao Prato...
As uvas são o delicioso fruto que dá origem ao vinho. Trata-se
de um fruto largamente apreciado pela quantidade de espécies que o caracteriza,
que possui diferentes castas e paladares.
No entanto, as uvas são um fruto muito calórico, que deve ser
apreciado com moderação, para aqueles que apresentem alguns quilinhos a mais...
Podem comer-se, quer frescas, quer secas e diz a tradição que à
meia-noite do dia 1 de cada ano que começa, devemos comer 12 uvas passas e
pedir um desejo...
Desejo-vos também um bom
início de ano lectivo, cheio de surpresas e com muita aprendizagem!